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Treinos em Z2: Construa sua capacidade aeróbica

BY Marcos Hallack

Embora seja necessário treinar em todas as zonas, o treinamento na Zona 2 deve ser uma das partes mais importantes de qualquer programa de treinos. Aqui está o porquê.

Se você tem como objetivo prova de endurance, seja terminar uma Maratona ou um Ironman, é provável que você siga alguma forma uma rotina de treinos estruturados. Este treinamento provavelmente inclui diferentes zonas de treinamento, intensidades e treinos distribuídos ao longo da semana. 

Cada zona de treinamento tem um propósito. No entanto, os planos de treino mais eficazes dão prioridade à Z2. Este sem dúvidas é um dos aspectos mais importantes do desempenho esportivo em provas de endurance. 

Muitos atletas iniciantes ou jovens caem na armadilha de pensar que a única maneira de ficar mais rápido é sempre treinar forte. Infelizmente, ao negligenciarem a Zona 2, isso faz com que eles percam ganhos no desempenho.

Treinar em Z2 melhora seu desempenho atlético no nível celular. Melhora sua capacidade de utilizar gordura de limpar o lactato de forma eficaz, dessa forma você pode treinar mais e consequentemente ficará mais forte. 

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Atletas profissionais não pulam os treinos na Zona 2

Trabalho com profissionais e atletas de elite há mais de 18 anos, incluindo ciclistas, corredores, triatletas, nadadores e remadores. Durante esse tempo descobri que treinar na Zona 2 é fundamental para melhorar o desempenho. 

Atletas de elite de endurance dedicam entre 60%-75% de todo seu tempo treinando na Zona 2. 

Dados muito semelhantes em diferentes modalidades foram descritos por treinadores do mundo todo, assim como na literatura científica. 

O objetivo de cada zona de treino é provocar adaptações fisiológicas e metabólicas específicas. Compreender quais adaptações fisiológicas e metabólicas ocorrem em diferentes intensidades pode ajuda-lo a ajustar e a melhorar seus treinos. 

Para compreender isso primeiro você precisa entender o metabolismo muscular.

Metabolismo Energético em Atletas; O papel do ATP, Gorduras e Carboidratos

A capacidade de se exercitar de um atleta depende, em última análise, da sua capacidade de transformar energia química em energia mecânica. 

O músculo precisa sintetizar trifosfato de adenosina, ou ATP, para realizar a contração muscular. 

O ATP é um nucleotídeo responsável pelos processos energéticos nas células humanas. É frequentemente chamado de “unidade monetária molecular” das células e é sintetizada constantemente durante o exercício. 

A geração de ATP é alcançada por dois mecanismos: metabolismo anaeróbio e aeróbio. Gorduras e carboidratos (CHO) são os dois substratos mais utilizados, com alguma contribuição de proteínas.

A gordura é armazenada principalmente no tecido adiposo, mas também armazenada no músculo esquelético em pequenas quantidades. Os carboidratos são armazenados na forma de glicogênio na musculatura esquelética (cerca de 80%) e no fígado (cerca de 15%). 

A intensidade do exercício (estresse metabólico e fisiológico), bem como o padrão de recrutamento das fibras musculares ditam o sistema energético e o substrato que é ativado, que então se correlaciona com as diferentes zonas do treinamento. 

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Utilização do Substrato Energético e Intensidade do Exercício

A maioria das zonas de intensidade gera ATP através do metabolismo aeróbio, também chamado de fosforilação oxidativa. Dependendo no nível de condicionamento do indivíduo, a síntese de ATP (energia) é gerada a partir de gordura e carboidratos, embora os carboidratos sejam utilizados em pequenas taxas durante intensidades de treino baixa e moderada. 

Em intensidades de treino mais elevadas (acima dos 75% do VO2 máximo), a geração do ATP aumenta para manter as demandas de contração muscular. 

A gordura não consegue sintetizar ATP com rapidez suficiente, então a utilização de carboidratos aumenta e ele se torna o substrato energético predominante. Isso ocorre porque a síntese de energia derivada dos carboidratos é mais rápida que a da gordura. 

Os carboidratos tornam-se o principal substrato energético utilizado pela musculatura esquelética em intensidades de exercício de até 100% do VO2 máx. Acima desta intensidade, o ATP não pode ser gerado pela glicólise aeróbia, portanto o ATP precisa ser gerado através do metabolismo anaeróbio, também chamado de fosforilação do substrato. 

Essencialmente, ir devagar permite que seu corpo use gordura como combustível e, à medida que você aumenta o ritmo, cresce a demanda por carboidratos. 

Recrutamento de Fibras Musculares: Contração Lenta x Contração Rápida

A musculatura esquelética consiste de dois tipos de fibras musculares – Tipo I, também conhecido como contração lenta, e Tipo II, contração rápida. 

As fibras de contração rápida também são divididas em dois subgrupos chamados Tipo IIa e IIb. A contração das fibras musculares segue um padrão de recrutamento sequencial, onde as fibras musculares do Tipo I são recrutadas primeiro. 

À medida que a intensidade do exercício sobe, as demandas musculares contráteis aumentam e as fibras musculares do Tipo I não conseguem sustentar a demanda. É quando as fibras musculares do Tipo IIa entram em ação e, eventualmente, à medida que a intensidade continua aumentando, o Tipo IIb é recrutado. 

Simplificando as fibras de contração lenta são usadas em velocidades mais lentas e de contração rápida em velocidades mais rápidas.

Cada fibra muscular possui propriedades bioquímicas diferentes e, portanto, comportamentos diferentes durante o treino e competição. 

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Quais Fibras Musculares são Usadas em Diferentes Zonas do Treinamento

Cada intensidade do treinamento requer diferentes respostas metabólicas e padrões de recrutamento de fibras musculares: 

As fibras musculares Tipo IIb tem pouca densidade mitocondrial. Essas fibras usam principalmente glicose e ATP para energia anaeróbia instantânea. 

As fibras musculares do Tipo I têm a maior densidade e capacidade mitocondrial, 

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Você estimula fibras musculares do Tipo I durante o treinamento da Zona 2. Portanto você estimula o crescimento e a função mitocondrial, o que melhora sua capacidade de utilizar gordura. Esta é a chave para o desempenho de atletas de modalidades de endurance

Ao melhorar a capacidade do seu corpo de utilizar a gordura como combustível você preserva o glicogênio. Você pode então usar esse glicogênio no final da competição ou do treino quando a intensidade aumentar. 

Benefícios Adicionais do Treinamento na Zona 2

Além da utilização da gordura, as fibras musculares do Tipo 1 também são responsáveis pela remoção do lactato. O lactato é subproduto da utilização da glicose, que é utilizada em grandes quantidades pelas fibras musculares de contração rápida. 

O lactato é produzido principalmente em fibras musculares de contração rápida. No entanto o lactato precisa ser eliminado, caso contrário ele se acumula. É quando as fibras musculares do Tipo 1 desempenham o papel fundamental na depuração do lactato. 

As fibras musculares do Tipo 1 contêm um transportador chamado MCT-1, que capta o lactato e o transporta para a mitocôndria. Em seguida, é reutilizado como energia. 

Treino na Zona 2 aumentam a densidade mitocondrial, bem como os transportadores MCT-1. 

Isso melhora sua capacidade de eliminar o lactato, que é fundamental para o desempenho atlético. 

Com que Frequência Você Deve Treinar na Zona 2?

Um atleta de endurance nunca deve parar de treinar na Zona 2.

Nos primeiros 2-3 meses de treino na pré-temporada, o planejamento ideal deve incluir 3-4 dias por semana de treinos na Zona 2. Seguidos por 2-3 dias por semana conforme a temporada se aproxima e dois dias de manutenção quando a temporada estiver a todo vapor. 

Incorporar em sua rotina  treinos regulares na Zona 2 não apenas aumenta sua resistência e utilização de gordura, mas também melhora seu desempenho geral, tornando-o um componente essencial para atletas de qualquer nível.

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About Marcos Hallack

Marcos Hallack é um treinador multiesportivo e educador de treinadores da TrainingPeaks baseado no Brasil. Ele é formado em educação física pelo Universo Juiz de Fora e em direito pelo Universo Niterói. É treinador certificado pela Confederação Brasileira de Triatlo nível 2 e CAM Tri Coach nível 1, e ex-competidor de categoria elite de triatlo nacional, tendo participado de três campeonatos mundiais entre profissionais, dois triatlos de longa distância (Dinamarca 2005 e Alemanha 2009) e duatlo (Estados Unidos 2010).

Marcos Hallack is a multisport coach and TrainingPeaks Coach Educator based in Brazil. He has a physical education degree from the University of Juiz de Fora and a law degree from the University of Niterói. He’s a Brazilian Triathlon Confederation Coach level 2 and CAM Tri Coach level 1 certified coach, and former elite category of national triathlon competitor, participating in three world championships among professionals, two full-distance triathlons (Denmark 2005 and Germany 2009) and duathlon (United States 2010).

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